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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Último dia

Passei 7 anos na Ripasa\VCP-Suzano\MD tinha um péssimo relacionamento com meus companheiros de trabalho que remontava dos meus primeiros dias, de ser 10 anos mais nova que todo mundo (no mínimo), se ser a única mulher, e de ser simplesmente diferente como eu sou (como muitos dos meus amigos são também, eu só era diferente deles).

Chorei quando fui embora no último dia, não sei ao certo porquê. Não foi nenhum derramamento brutal de lágrimas, mas elas estavam lá. Eu tinha detestado tanta coisa durante tanto tempo, e me sentido tão sozinha onde trabalhava que não fazia sentido ficar triste, mas eu tinha muito carinho por algumas pessoas, e dessas eu ainda sinto saudades, pois foram grandes amigos quando eu precisei (muito longe do que qualquer job description obriga, realmente seguraram minha onda), outros foram modelos, exemplos, mentores. Quando eu sai muitos já tinham ido embora, então eu só perdi parte de tudo isso, mas também deixava 7 anos pra trás, e isso é MUITO tempo... Acho que um pedacinho de você fica, e outro vai, não tem como ser diferente depois de tanto tempo.

Hoje é meu último dia aqui. Eu cheguei tão absolutamente feliz, e radiante que efetivamente me pediram pra "tone down a little", me disseram que eu era o ápice do comunicativo, e expansivo, que isso era bom, mas eu precisa ser mais contida exatamente por ser um extremo (embora eu não devesse me descaracterizar, sacou certo?). Não estava fazendo de propósito, eu só estava feliz, mas ai algumas coisas sairam diferentes do esperado, eu vim com energia pra mover o mundo, e mal empurrei um palito de dentes. 

Não estou muito feliz pra onde eu estou indo não pela função que eu vou exercer em si (que é diferente do que o quê eu fazia no meu antigo emprego, e aqui, embora relacionados), mas porque eu vou pra um banco, e bancos são chatos. Sim, essa é toda a extensão do meu argumento. Pessoas andam parecendo árvores de natal, e completamente desconfortáveis sem propósito efetivo algum, tudo é sério, tudo é engessado, nada pode, e pra mim isso cria um ambiente estéril, e eu acredito piamente que minha profissão requer criatividade pra arranjar a melhor solução, e não qualquer solução.

Concordo, meu trabalho é um lance sério, em geral tudo que envolve sistemas no final das contas envolve gastar menos dinheiro, ou maximizar o ganho dele. Mas se o profissional que você precisa pra fazer isso, tem que conseguir entender de direito, gestão ambiental, finanças, contabilidade, logística, seguros, matemática financeira, e por ai vai (essas são só algumas das coisas que já me envolvi). Essa pessoa não pode estar presa num salto, e numa calça apertada enquanto ela tenta abstrair (não existe como saber tudo, você precisa com uma parte conseguir visualizar o todo), ao mesmo tempo que extrapolar o conceito pra criar o melhor sistema possível. É uma senhora ginástica mental, mas eu acho que só eu vejo as coisas assim... 

Eu sempre quero fazer O sistema, eu quero deixar o usuário babando, querendo mais, eu quero que o sistema mude as coisas, seja útil, fácil de usar, inteligente, de qualidade, eu quero entregarO produto, por isso que dá tanto trabalho, eu não sento lá, o usuário me diz meia-dúzia de coisas, e eu me contento em entregar só o solicitado. Gosto de realmente entender o dia-a-dia dele, seus problemas, as bombas que ele tem e precisa resolver, pra prover a mehor solução, é um senhor desafio auto-imposto que é profundamente recompensador, uma vez que eu sempre sou muito elogiada, e ver isso reconhecido é legal pacas em especial porque eu sempre sei, que não sairia a mesma coisa sem o comprometimento daquela pessoa que me ajudou a entender todo aquele universo complexo e até então desconhecido. Trabalho construindo conceitos em meios não físicos, louco né? Do pensamento, pra codificação sem passar em nenhum momento em toda a sua vida pra algo que se possa pegar. Mas eu fui longe pra caralho (é fácil pra mim encadear assuntos).

O lance é que é o último dia, e não parece último dia, e isso é estranho, últimos dias deveriam ter uma característica especial, eles não tem :S A diferença é que dessa vez eu vou embora sem lágrimas, e sem legado, no máximo deixei o perfume.


(estou tenando aprender os meus porquês desde que nasci, um dia eu chego lá)

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